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Impactado pelo mercado internacional, preço do malte deve seguir em alta em 2022

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A safra de cevada no Brasil em 2021 foi recorde: 435 mil toneladas! Nunca o país havia produzido tanto. Mas a notícia que anima o setor cervejeiro não é tão boa quanto parece. Afinal, dois terços da cevada utilizada no país ainda são importados. E, ao contrário da brasileira, a última safra europeia não foi nada boa. Resultado: a quantidade de cevada cervejeira disponível no mercado global é menor, o que impacta diretamente no preço do malte por aqui, que, sim, vai se manter em alta em 2022. Infelizmente!

Além da menor oferta global de malte, é preciso entender outros aspectos da produção de cevada. No caso brasileiro, há dois pontos que precisam ser levados em consideração. O primeiro é que mesmo com o crescimento em relação ao período pré-pandemia – em 2019, a produção nacional havia sido de 400.415 toneladas -, a safra brasileira ainda está muito longe de ser suficiente para atender ao mercado cervejeiro nacional. Ela representa, na verdade, apenas 30% do que as cervejarias brasileiras consomem. Além disso, a cevada para maltagem precisa ser de altíssima qualidade. Somente os melhores grãos são destinados à indústria cervejeira. O que, por aqui, representa cerca de 30% da produção. Toda a cevada restante é utilizada para outros fins como a composição de farinhas ou flocos para panificação, produção de medicamentos e na formulação de produtos dietéticos, além da alimentação animal como forragem verde e na fabricação de ração. 

O uso na nutrição animal, aliás, foi o grande motivador para que os produtores aumentassem nos últimos anos as áreas plantadas de cevada. Como outros grãos utilizados para esse fim encareceram – caso do milho, por exemplo -, a cevada se tornou uma alternativa financeiramente interessante para o plantio durante o inverno. O que ajuda a explicar por que a safra recorde brasileira não impacta tanto o mercado cervejeiro nacional.

Clima ruim e frete caro também afetam preço do malte

Mas é preciso olhar também para as condições da produção internacional para entender o atual preço do malte. E as notícias que vêm da Europa – responsável por cerca de 60% de todo o malte exportado no mundo – não são nada boas. A safra europeia sofreu com condições climáticas ruins durante todo o período de crescimento da cevada, que por lá é feito especialmente durante a primavera. O resultado foi que a colheita rendeu grãos entre 5% e 10% menores – o que além de diminuir a quantidade de cevada disponível para maltagem também reduz o rendimento do malte, encarecendo o produto final. Para se ter uma ideia do problema, a European Malting Association (Euromalt) estima que o déficit pode chegar a 200 mil toneladas somente no mercado europeu.

Não bastassem os problemas na safra, o encarecimento do frete marítimo, que aumentou cerca de 50% ao longo de 2021, também afeta o preço final do malte importado. E a expectativa do mercado é que os fretes fiquem ainda mais caros este ano, entre 50% e 100%. Um efeito direto da retomada do comércio internacional após os baques causados pela pandemia.

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