Muito tem se falado sobre a disparada do preço do petróleo por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas, o conflito também pode trazer graves consequências para o mercado cervejeiro, já que os dois países estão entre os maiores produtores de cevada e trigo do mundo e exportam cerca de 30% do que é consumido em todo o planeta.
Os primeiros efeitos já começam a ser sentidos, especialmente na distribuição dos grãos para o mercado europeu. Com as sanções econômicas impostas à Rússia, especialmente por União Europeia e Estados Unidos, o país proibiu a venda de diversos produtos – inclusive trigo e cevada – para a Eurasia até 30 de junho. A Ucrânia tomou medida similar vetando a exportação de grãos até o fim do ano. O objetivo é proteger o mercado interno de alimentos diante das restrições externas. Outra preocupação é com a produção deste ano já que ainda não se sabe se os agricultores ucranianos conseguirão iniciar uma nova safra. Com tantas incertezas, algumas maltarias europeias já estão, inclusive, pensando em parar suas atividades a partir de junho, tanto por conta da falta dos insumos, quanto pelo preço da energia, que já vinha subindo e – estima-se – terá altas ainda maiores nos próximos meses.
E como isso afeta a produção de cerveja, aqui no outro hemisfério do planeta? Além da redução global de malte e trigo, que já começa a encarecer o preço dos produtos mundialmente, a América do Sul importa aproximadamente 100 mil toneladas de malte da Rússia e Ucrânia. No caso brasileiro, cerca de 9,2% do malte consumido por aqui, vem da Rússia. Embora seja uma quantidade pequena, a redução na oferta de cevada e malte vai gerar uma grande procura por outros fornecedores, o que pode acabar afetando a disponibilidade do produto também no mercado brasileiro pressionando ainda mais os preços.
Outros aspectos da produção também tendem a ser afetados. A alta do petróleo, por exemplo, além de impactar a inflação geram aumentos no custo de distribuição e podem afetar também os preços do alumínio e vidro.